quinta-feira, 8 de maio de 2008

Culinária Brasileira: Riquezas e peculiaridades.

Alguns equívocos têm sido cometidos, há tempos, no que diz respeito à culinária brasileira. Há uma ignorância com relação à riqueza e peculiaridades regionais de nossa culinária. Tem-se colocado em evidência, de forma generalizada, o churrasco gaúcho, o leitão à pururuca e tutu à mineira, o pato ao tucupi paraense ou o arroz de cuchá maranhense. Mas elegeu-se, injustamente e de forma generalizada, a culinária baiana, melhor seria dizer a de Salvador, como símbolo da cozinha brasileira. Ao cabo de 500 anos e resultante de um intenso e extenso processo interativo de trocas e permanências, é impossível, hoje, no Brasil, pensar nossa cozinha de forma fragmentada e justaposta.
"As regiões africanas têm permanências e modificações, tanto nas espécies aculturadas no próprio continente como as que tiveram influências estrangeiras, desde o sec. XV. A base lógica era idêntica aos povos auto-suficientes mas primárias. Dos finais do sec. XVI para o imediato, inúmeras plantas sul- americanas e africanas permutaram o habitat. Duzentos anos depois os africanos não compreenderiam como o milho, o amendoim, a mandioca, a pimenta, fundamentais na sua nutrição, não fossem nativas como eles próprios. Talqualmente para o brasileiro o coqueiro, a bananeira e o inhame, são nacionais. O mesmo diriam os hindus do cajueiro. Fritar, guisar, estufar, eram processos tão ignorados na África como no Brasil de 1500. Ovos, galinhas, leite, avançam com lentidão exasperadora para a dietética, em ambos os continentes. E a carne fresca, de vaca. Há uma base comum explicada pelos povos de estado idêntico, na disposição social."
Reconhecendo na mesa brasileira tão grande diversidade ao lado de tantas constâncias, dentro dos limites deste canal teremos como foco principal nossa culinária tradicional. Antes da chegada dos europeus, as carnes consumidas eram as carnes do mato, ou seja, as caças (aves, macacos, antas, capivaras,. . .) e os peixes. Conservavam animais domesticados, soltos ao redor das casas, e em grande número, mas como animais de estimação, os xerimbabos (de che-remimbaba , a minha criação, animal da minha estima). Aves de formosas plumagens, das quais recolhiam a plumária necessária para seus adornos. Mas a fome era mesmo mitigada pela carne que traziam do mato: aves (nhambus, araras, tucanos, urus) e mamíferos (macacos, quatis, iraras, suaçus (veados). Não consumiam as aves aquáticas, ipecas (patos em geral), por acreditarem que seu consumo os levaria a perder o vigor no nado. Vários viajantes nos deixaram listagens, por vezes extensas, de nossa fauna indígena, com paralelismos interessantes com a realidade conhecida na Europa, como a importância de dois elementos indígenas se revelariam, desde cedo, aos europeus: o milho e a mandioca. Ambos freqüentaram os relatos de viajantes até o sec. XIX, mais detalhados uns, menos outros, ratificando a importância que mantém para a dieta dos brasileiros, até nossos dias. Apontaram, ainda,os vários tipos de uí ( as farinhas de mandioca) : a carimã (uma farinha fina), a ui- tinga (uma farinha branca, semi- torrada), a uiatã (farinha de guerra, bem torrada), a tipirati (de mandioca cortada em roletes e socada no pilão, depois de seca ao sol), e a farinha puba (puba ou puva, produzida com a mandioca amolecida, fermentada na água). Não lhes passaram despercebidas a forma de se levar a farinha à boca, comum ainda hoje nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, a indicação de seu consumo na forma de mingau, uma das manipulações importantes em nossa culinária, ao lado dos pirões , bem como a distinção essencial dos dois tipos de manivas: a doce e a venenosa. As técnicas de redução dos alimentos em farinha, ao lado do moquém, eram o recurso que o índio possuía para a conservação dos alimentos, facilitando, o seu transporte e manutenção nas longas jornadas. Assim, além da uí, produziam vários outros tipos de farinhas a que denominavam cuí, aproveitando outros tubérculos, como a nativa e apreciada batata doce. Depois de fartas pescarias, secavam os peixes no moquém, socando-os no pilão e produzindo a piracuí (farinha de peixe). Moquear provém do verbo mbokaê ou mokaê, que quer dizer tornar seco, enxugar; assar em um gradeado de madeira ou diretamente sobre as brasas. Poderia, também, significar enxugar por defumação. O paladar dos índios estava bastante acostumado aos assados, estes de elaboração simples, como visto acima, e às farinhas, saborosas e de produção minuciosa. Com elas, preparavam paçocas (do verbo apaçoka = pilar), que consistiam em carnes ou peixes moqueados , pilados com farinha de mandioca ou mesmo com farinha de milho; pirões (de pirõ , que corresponde a uma papa grossa), feitos com os caldos quentes de carnes ou peixes aos quais se adiciona farinha de mandioca; mingaus (para Plínio Airosa, mingaú é alimento moído, picado, desfeito, etc), é alimento em forma de papa ou sopa, ligeiramente cremoso.
O processo interativo
"Este Brasil he já outro Portugal, e não fallando no clima que he muito mais temperado, e sadio, sem calmas grandes, nem frios, e donde os homens muito com poucas doenças, como de cólica, figado, cabeça, peitos, sarna,nem outras enfermidades de Portugal; nem fallando no mar que tem muito pescado, e sadio; nem das cousas da terra que Deus cá deu a esta nação; nem das outras comodidades muitas que os homens têm para viverem, e passarem a vida, ainda que as comodidades das casas não são muitas por serem as mais dellas de taipa, e palha,..." (Pe. Fernão Cardim, que chegou ao Brasil em 1583).
Já no primeiro contato com a terra de Pindorama, os portugueses se encantaram com a natureza, sua diversidade e um mundo novo que começava a se descortinar. Teve início, ali mesmo, um intenso processo de interação sócio-cultural. Ainda na primeira metade do séc. XVI, deu-se início à domesticação de animais, às criações, começando a surgir os criatórios. Ao lado da carne do mato, de caça, contava-se agora com os animais domésticos, criados para o provimento das famílias e mesmo das comunidades. A nova terra passou a receber uma série de animais exóticos, trazidos pelos europeus, de várias partes do mundo pelos europeus: cães, bovinos,caprinos, suínos, galináceos, ovinos e eqüinos.
No contato com esta nova realidade, e o domínio de uma língua (guarani) rica de expressões metafóricas, muitas palavras expressando/descrevendo as circunstâncias constitutivas do que representam, os índios foram batizando, por aproximação, os novos animais. Assim, os cães foram batizados de iaguás-mimbaba (as"onças de criação"); aos bois, associaram o nome do maior ruminante de nossas matas tapiras - cobayguara (as antas da outra banda); as cabras, com seus mochos, foram associadas aos nossos veados campeiros, e foram chamadas de suçuamés ("os veados que fazem mééé"); o porco foi logo associado ao nosso porco do mato, bravio, passando assim a ser o taiaçu-guaia (" o porco manso"). Com as galinhas, as arinhan-açu para os guarani e guirá-sapucaia (de gritar - animal gritante) para os tupi, introduzidas como criação, aconteceu algo de curioso. Prezavam-nas por suas penas. Tiravam-lhes as penas e tingiam-nas para seus adornos, sem entretanto, quererem abatê-las para o consumo. Também não consumiam seus ovos (rupiás); negociavam-nas com os caraíbas. Por obechá foram chamadas as ovelhas e de caburus, os cavalos. Estes, introduzidos mais ao sul, não demoraram a ser dominados e incorporados pelos nativos. Para este processo interativo, foi decisiva a contribuição dos missionários , que introduziram nos aldeamentos o cultivo de trigo, cevada, arroz, cana-de-açúcar, algodão, e cânhamo, além do costume de manutenção de hortas e pomares, com variedade de legumes e frutas. Animais domésticos, novos produtos. Novas opções para a alimentação. A introdução de novos temperos - os toucinhos, os condimentos (alhos, cebolas, cominho, cravo, erva-doce, noz moscada, gengibre, zerzelin (gergelim), salsa, canela, açafrão), o azeite doce e o vinagre - enseja outras possibilidades de processamento dos alimentos. Foram introduzidos os guisados, alimentos cozidos nos molhos com refogados- frituras de alhos, cebolas e outros condimentos no azeite ou na gordura, dando origem aos nossos afogados (cozidos com carnes, batatas, legumes), tão ao gosto dos paulistas do interior e tão em uso em nossas festas do Divino. Aos guisados, acresceu-se a forma de temperar negro-africana com o batismo do óleo de palma (azeite de dendê) e do leite de coco. Assim, chegamos às opções de cozidos de carnes, peixes e outros frutos do mar, que vão de nossas simples caldeiradas às incrementadas moquecas baianas. É bom lembrar, ainda, que foi do costume dos afogados (o cozimento de vários tipos de alimentos misturados) que nasceu nossa tão nacional e diversificada feijoada, com suas peculiaridades regionais. A doceria portuguesa, bastante desenvolvida e considerada na Europa, não tardou a aportar no Brasil e se adaptar. A introdução da cana de açúcar, e a produção do açúcar e derivados, possibilitou a adaptação dessa doceria ainda bem cedo. As técnicas portuguesas de produção de doces (secos, cristalizados, em calda/compotas,em barra, pastosos,...) e quitandas, aplicadas a uma tão grande diversidade de frutas e produtos, deu-nos, no correr dos séculos, uma doceria singular. Aqui encontraram, e com abundância, uma fruta cheirosa e saborosa - a goiaba. A partir do processo de feitura das marmeladas, dos doces para corte, não tardou a surgir nossa inconfundível goiabada cascão, que se transformou em recheio apreciado para bolos e tortas, e imbatível quando associada ao queijo fresco. No universo das quitandas, das guloseimas de farinhas, assadas ou fritas, dos bolos, biscoitos, pães, a conjugação da farinha do reino (de trigo) com as farinhas brasileiras - o fubá, a farinha de milho e os polvilhos- os temperos (cravo, canela, noz moscada, erva doce, gergelim,...), e os cocos- inicialmente os da terra, como o indáia , e, na seqüência, o batizado coco da Bahia, abriu- nos as portas de infindas possibilidades. A utilização dos leites, dos ovos ( tão temidos inicialmente pelos índios), da manteiga, e a incorporação da fermentação, contribuiu para aguçar-nos o paladar. Para alternar com o uso freqüente da farinha de mandioca, foi introduzido o arroz, de origem asiática, denominado arruz pelos árabes, que, segundo Cascudo, o plantaram na Península Ibérica, de lá sendo trazido para o Brasil. Passou a integrar a dieta do brasileiro, preparado com grande variação - arroz de cuchá, arroz com frango, com molhos, taipado, arroz carreteiro, baião de dois (arroz cozido no caldo de feijão), bolinho de arroz, cuscuz de arroz, arroz doce, com coco ou com melado. O arroz fez a riqueza do Vale do Ribeira, litoral sul de São Paulo, no século XIX, dali sendo exportado para a Europa, ganhando fama internacional.Mas, ainda hoje, em comunidades de caiçaras (entre os litorais Sul do Rio de Janeiro, Norte e Sul de São Paulo e Norte do Paraná), há significativa quantidade de pessoas que preferem a farinha de mandioca ao arroz, não sentindo mesmo falta deste. Ao gosto especial dos índios pelas bebidas fermentadas, os portugueses juntaram os vinhos, as bebidas destiladas (as bagaceiras de uva ou de cana), e maceradas (licores). Texto do site projeto http://www.brazilsite.com.br/
Regionalizando o Brasil e sua Culinária.
Região SUL: Paraná • Santa Catarina • Rio Grande do Sul
Colonizado por europeus, o Sul, com 577.214 km2, oferece prazeres variados. Da carne bovina aos frutos do mar. Em seus três estados - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, há de tudo; para todos os gostos. Churrascos servidos no espeto, pratos à base de frutos do mar, siris, camarões, lagostas, e peixes elaborados ao forno, na brasa, em caldeiradas. Há, ainda, a típica cozinha do interior, com destaque para o mocotó de campo, o arroz-de-carreteiro. a roupa velha e o barreado. Com forte presença italiana, é ampla a oferta de massas. Marcante, também, são os traços da colonização alemã. O que permite ao viajante saborear excelentes embutidos. E, após a refeição principal, doces de ovos, como ambrosias e papos-de-anjo, e de frutas cristalizados e em calda. Apesar de possuir restaurantes que oferecem todas as cozinhas do mundo. No litoral sul saladas guarnecidas por palmitos de uma maciez sem igual, colhidos na Mata Atlântica.
Região SUDESTE: Rio de janeiro • São Paulo • Minas Gerais • Espírito Santo
Rio de Janeiro Cozinha influenciada pela colonização portuguesa e por outros estados brasileiros, principalmente Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. O grande orgulho carioca é a criação da feijoada, o prato mais conhecido, tipicamente brasileiro. Mergulhada em denso caldo de feijão preto, temperado com alho, folhas de louro e cebola, esconde-se uma fartura de carnes: carne-seca, paio, chouriço, lingüiças variadas, costela, costelinha, toucinho defumado. E, também, partes suculentas de carne bovina, como a alcatra e o peito, acompanhadas de couve desfiada, farofa e laranja picadinha. E, para temperar, um pouco de molho de pimenta. E prato para saciar os paladares mais exigentes. Mas não é só. No Rio, como em São Paulo, inúmeros restaurantes oferecem todos os tipos de cozinha. Na Região dos Lagos, a nordeste do Estado do Rio de Janeiro, pequenos restaurantes oferecem, mal saídos do mar, uma fartura de peixes. Insuperável, porém, é a carapeba frita. São Paulo Forte influência da colonização italiana, japonesa, libanesa e árabe, da convivência entre índios e negros, dos imigrantes europeus e também pela culinária mineira, nordestina e riograndense – carne seca, farinha de mandioca e churrasco. No dia-a-dia o paulistano come desde comidas rápidas como bauru, filé e pastel até os chamados "pratos do dia", servidos em botecos tradicionais da cidade, que vão desde Virado à Paulista, passando pela Feijoada até a famosa Dobradinha. Cada dia da semana é servido um prato diferente. O paulistano também tem o costume de comer Pizza, sempre à noite, que vem da tradição italiana. No interior come-se comida bem brasileira, como feijão e arroz muito bem temperados, ensopados de carne, refogados de verduras variadas, virados, cuscuz e galinha assada e pratos de origem nordestina, feitas à base de carne de sol e jabá.
São Paulo é conhecida como a Capital Gastronômica Mundial devido aos seus inumeros restaurantes de comidas internacionais. Excelentes churrascarias e pizzarias completam os paladares mais exigentes mas São Paulo conserva especialidades próprias, com destaque para a galinha d’Angola à paulista, as empadinhas de Cananéia, o cuscuz paulista e a capivara à caipira. Espírito Santo Uma das mais autênticas do país, a cozinha capixaba tem influências dos portugueses ( azeite de oliva, alho, coentro, toucinho, pimenta do reino) e dos índios (farinha de mandioca, óleo de urucum, banana-da-terra). Come-se peixes e mariscos, palmito fresco, caças, mandioca, milho verde, coco e bastante pimenta fresca. São famosas suas Fritadas preparadas em frigideiras de barro e assadas na brasa, na folha de flandres, a Torta Capixaba, feita com siri, ostras, camarões, mariscos, peixe e palmito e as Moquecas, Peixadas e Caldeiradas, preparadas em panela de barro, temperadas com muito azeite doce, pimenta, cheiros e óleo de urucum. Tudo rigorosamente acompanhado de pirão.Minas Gerais Cozinha bem brasileira, quase sem influencias estrangeiras, bastante variada e diversificada dentro do seu próprio estado. É composta de muita carne de porco, lingüiças, toucinho, galinhas, caças (perdizes, pacas, tatus, veados), carne-seca, carne-de-sol, verduras (principalmente a couve), milho verde, quiabo, queijo branco, angú de fubá de milho, arroz soltinho cozido em panela de pedra, peixes de rio frescos, salgados e secos, compotas de frutas, doce de leite e biscoitos de goma (doces e salgados). É fundamental provar três delícias: a galinha ao molho pardo, a leitoa pururuca e o tutu de feijão com torresmo e couve picada. Minas vai além, muito além. Com o feijão tropeiro. o frango com quiabo, o arroz-de-suã e a canjiquinha de milho verde com costela. E nas barrancas do rio São Francisco, também chamado de “Velho Chico”, uma deslumbrante fartura de peixes de pele. Para, depois, virem os doces. Em calda, cristalizados. Tudo acompanhado, à caráter, por um bom bocado de queijo de Minas. Para arrematar, um café mineiro, coado na hora, em coador de pano.
Não podemos esquecer do pão de queijo, que hoje é produto de exportação.
Região CENTRO-OESTE: Mato Grosso do Sul • Mato Grosso • Goiás • Distrito Federal
Nos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul localizados na Região Centro-Oeste, que se desdobra por 1.612.077,2 km e geograficamente integrada também pelo Estado de Goiás e Brasilia, o Distrito Federal, onde as cores, a fauna e a flora do Pantanal mato-grossense deslumbram por sua infinidade de aves, peixes e répteis, a mesa é farta em pesca. Especialmente o tucunaré, o pintado, o jaú, o dourado e outros peixes de grande porte, que em Cuiabá, capital do Mato Grosso, são transformados no peixe cuiabano. A caça é farta e muito consumida, apesar de a região ser protegida por leis ambientais, estando regulamentado o período permitido à prática da pesca e proibida a caça durante todo o ano, o viajante tem a oportunidade de conhecer alguns pratos à base de caça, elaborados com carne de caitítu, de paca, de veado, de porco do mato, de capivara. Há, ainda, especialidades extremamente regionais, como o jacaré frito. Para quem tiver interesse por aventuras culinárias mais fortes, é possível experimentar carne de cobra, com gosto semelhante ao de peixe. Estados habitados por índios de vários grupos, a farinha, em suas variadas formas, seca ou cozida como pirão, é acompanhamento obrigatório. Região de criação extensiva de gado bovino, o Pantanal oferece também a hipótese de churrascos à gaúcha, servidos no espeto. A culinária do Centro-Oeste tem tradições próprias, vindas de festas populares típicas da região, que sofreram influências dos índios (farinha de mandioca), dos bandeirantes paulistas (feijão- mulatinho), dos nortistas (peixes de água doce), dos nordestinos (carne-de-sol e carne-seca) e do estado de Minas Gerais (milho verde, angu, pamonha). Costuma-se cozinhar em fogão de lenha ou sobre braseiros. São usados muitos temperos como açafrão, gengibre, jurubeba (fruta silvestre amarga), pequi (de Goiás) e, em grandes quantidades, alho, cebola, cebolinha, salsa, coentro e pimentas frescas ardidas, como a pimenta de cheiro e a pimenta malagueta. O feijão, o arroz, a carne-de-sol, a carne-seca assadas no espeto, fritas ou socadas no pilão com farinha de mandioca são comidas sempre presentes na mesa dos moradores da região.
Região NORTE: Amazônia • Pará • Acre • Tocantins • Rondônia • Roraima • Amapá
Ao Norte do Brasil, região que se espalha por 3.869.637,99km2, é agreste a culinária. E elaborada à base de peixes, em especial na forma de caldeiradas. Destacando-se, no Estado do Amazonas, o pirarucu e o tucunaré. Imperdívels. Testemunho da cultura indígena, os pratos são acompanhados, preferencialmente, por pirão. No Estado do Pará, é obrigatório saborear a pescada paraense, o pato ao tucupl e o tacacã.
Para quem exige, no entanto, uma cozinha de selva, é possível saborear jacarés, aves e animais silvestres, com destaque para a carne de paca. Após a refeição principal, que inclui, muitas vezes, carne de tartaruga, dedique-se às frutas típicas. Saboreie sorvetes de açaí, cupuaçu, manga, taperebá, uxl, graviola e muruçi, oferecidos também na forma de doces. Uma especialidade pouco conhecida, até mesmo por brasileiro, é o doce de buriti. Inesquecível!
Região NORDESTE: Maranhão • Piauí • Ceará • Rio Grande do Norte • Paraíba Pernambuco • Bahia • Sergipe • Alagoas
A formação cultural do Nordeste, região com área de 1.561.177,8km2, gerou a mais diversificada culinária do Pais. Marcada, no entanto, por singulares diferenças. São inúmeras as alternativas, a começar pelos pratos vindos da Africa. Comece pelos abarás e acarajés, na Bahia. Ante-pastos aos vatapás e às moquecas de peixe, de ostras, de camarões, iguanas douradas pelo azeite de dendê. Há, também, pratos à base de peixes dos mais vários tipos, servidos em formas várias. Sopas, escaldados, cozidos. E casquinhas de caranguejo, frigideiras de siri mole e cavaquinhas. Não é só no mar que nascem as delicias. Oferece a cozinha nordestina pratos exóticos, elaborados com carnes de porco, de cabrito, de carneiro. E aves. Prazeres que vão desde as tripas à sergipana até a carne de sol à Natal, passando pelo xinxim de galinha e pela galinha d’Angola de Teresina. No Nordeste, é fundamental também provar a feijoada à alagoana, o cozido à baiana, o mocotó e o bobó de inhame, criações capazes de acalentar os mais exigentes paladares. À sobremesa, delicie-se com cocadas, sorvetes e refrescos feitos com frutas típicas, como taperebá, manga, araçá, cajú e pitanga, graviola e mangaba. Há mais, porém. No Maranhão, entregue-se, de corpo e alma, aos camarões, servidos como melhor lhe convier. Mas não se esqueça de degustá-los fritos, ao alho e óleo. É uma pedida fundamental. Que prepara o espírito para incursões pelo pudim de peixe maranhense, acompanhado de arroz de cuxá. Come-se muito milho, farinha de mandioca, carne-seca, jabá (charque), carne-de-sol, carne de carneiro, cabrito e bode e a característica manteiga de garrafa (líquida). Os pirões de farinha de mandioca sempre acompanham os pratos principais. Miúdos de porco, de carneiro, buchadas, farofias, carne-seca e carne-de-sol, são preparadas de várias maneiras e são muito consumidos. O trinômio que circula o interior do Nordeste é rapadura, carne-de-sol e farinha de mandioca. Site usado para pesquisa: http://msn.cliqueagosto.com.br/novidades/novidades_int.php?noticias_id=218

* Isso é um resumo das maravilhas da nossa culinária,ficou com água na boca ou curioso/a. . . vá ao Brasil e descubra o que há além do Rio de Janeiro e do Nordeste.

A origem do Dia das Mães.


São muitas as suposições sobre a origem do Dia das Mães. A mais antiga encontra-se na mitologia grega, onde o início da primavera era festejado em homenagem à deusa Rhea, esposa de Cronus e mãe de Zeus, conhecida como a mãe dos Deuses. Em Roma também havia uma festa para Cybele, outra mãe dos deuses, cuja festividade começou cerca de 250 a C e era conhecida como hilaria. A comemoração durava três dias e acontecia entre os dias 15 e 18 de março. Há quem diga que Maria, mãe de Cristo, substituiu as celebrações à mãe dos deuses e, assim, iniciado o costume das pessoas visitarem a igreja no dia em que foi batizado. Assim, ao longo do tempo, as celebrações da mãe da igreja se confundiram com as da própria mãe. Já na Inglaterra, no início do século XVII, se dedicava o quarto domingo da quaresma às mães das operárias inglesas, conhecido como o Mothering Sunday - Domingo das Mães. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães e levavam o mothering cake, um bolo, de presente para elas. Nos Estados Unidos, em 1872, Júlia Ward Howe, autora da letra do hino do país, foi a primeira a sugerir a criação de uma data em homenagem às mães. Seria um dia das mães dedicado à paz. Ela manteve organizado em Boston durante muitos anos o encontro do Dia das Mães. Mas foi outra americana, Ana M. Jarvis, da Filadélfia, que em 1907 iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Ela achava que muitas vezes as crianças não davam o devido valor às mães enquanto vivas e esperava que a iniciativa fortalecesse os laços familiares e o respeito aos pais. Tudo começou quando ela comemorou o primeiro aniversário de morte da mãe, em maio. Nos anos seguintes deu continuidade à homenagem e a população da cidade começou a imitar o costume. No primeiro Dia das Mães houve uma missa em Grafton, West Virgínia, Filadélfia e Pensilvânia em homenagem a mãe de Anna, no dia 10 de maio de 1908. A primeira celebração oficial do Dia das Mães foi instituído pelo governador da West Virgina em 1910. Um ano depois praticamente todos os estados norte-americanos celebravam a data e outros países como México, Canada, China, Japão, América do Sul e África também. A Associação Internacional do Dia Internacional da Mãe foi fundada em 12 de dezembro de 1912, com o intuito de incentivar as homenagens às mães. Em 1914, o presidente Woodrow Wilson oficializou o Dia Nacional das Mães em todo segundo domingo de maio. No Brasil, em maio de 1918, pela primeira vez, a Associação Cristã de Moços festejou em Porto Alegre o Dia das Mães. A data continuou a ser comemorada em vários lugares do Brasil, até que, em 1932, o presidente Getúlio Vargas baixou um decreto-lei determinando a comemoração oficial do Dia das Mães em nosso país no segundo domingo de maio. Hoje, a data é comemorada em todo o mundo cristão. Em 1949, vários proprietários de lojas de São Paulo, lançaram uma grande campanha publicitária incentivando a compra de presentes para as mães e o hábito de presentear as mães ganhou impulso.

Saiba quando alguns países comemoram o Dia das Mães;

2º domingo de Fevereiro ---------------------- Noruega

1º domingo de Maio ---------------------------- África do Sul e Portugal

2º domingo de Maio ---------------------------- EUA, Brasil, Dinamarca

2º domingo de Maio ---------------------------- Finlândia, Japão, Turquia

2º domingo de Maio ---------------------------- Itália, Austrália e Bélgica

10 de Maio ---------------------------------------- México

4º domingo de Quaresma ------------------- Inglaterra

Último domingo de Maio --------------------- Suécia

2º domingo de Outubro ----------------------- Argentina

8 de Dezembro ---------------------------------- Espanha

2 semanas antes do Natal ------------------- Iugoslávia

domingo, 4 de maio de 2008

Mais tradição portuguesa . . . a Queima das fitas.

A tradição de queimar as fitas remonta à década de 50 do século XIX. Há notícias desta época em que, Segundo Eduardo Proença-Mamede, "grupos de estudantes que, vendo-se passados nos exames do 4º. Ano, se juntavam por faculdade à Porta Férrea e faziam um cortejo até ao Largo da Feira e aí as fitas tinham um fim: eram queimadas numa pequena cova no chão onde ardia um pequeno fogo".Mais tarde vieram as "festas do ponto" (latadas de fins do século XIX), nos Centenários que entre 1880 e 1898 homenageavam diversas figuras e factos, no Centenário da Sebenta e Enterro do Grau.O acto de queimar as fitas é anterior à própria festa da Queima das Fitas. As "festas do ponto" serviam para assinalar o final do ano lectivo e a emancipação dos caloiros.O primeiro acto conhecido das festas ligadas à Queima das Fitas, já com um programa estruturado, é de 1901. Nesse ano, em finais de Maio, os estudantes do IV ano jurídico organizaram um cortejo com cerca de 20 carros motorizados e a cavalo, enfeitados com flores e festões de murta. O cortejo levou cerca de hora e meia a percorrer o trajecto desde o Largo da Universidade até à Baixa. Os caloiros seguiam no cortejo amarrados por fitas vermelhas e com várias latas atadas com fios onde os doutores batiam com as bengalas. As fitas vermelhas representavam a cor do curso jurídico. Alguns anos mais tarde os doutores liam a mensagem de emancipação dos caloiros, entregando-lhes os símbolos que representavam essa emancipação: palmatória, tesoura e moca.As fitas, tiras de tecido que serviam para atar os livros, a que se chamava o grelo, eram queimadas já de noite. As cinzas eram colocadas numa lata que mais tarde passou a ser colocada à Porta Férrea
Em 1918 os estudantes de medicina e de direito unem-se para queimar o grelo.Em 1919 o Cortejo dos quartanistas é participado por todas as Faculdades. A 26 de Maio haveria a "tourada dos caloiros e a 27 efectuava-se a queima do grelo e o cortejo. Ainda nessa tarde realizava-se a "festa das latas" e, pela primeira vez, o dia passa a ser feriado académico, cessando todas as praxes. Segundo Alberto de Sousa Lamy, os caloiros passavam a semi-putos, os semi-putos a putos, os putos a quartanistas, os quartanistas a quintanistas e os quintanistas a veteranos. Acontecia portanto a emancipação dos caloiros e a passagem ao posto imediato de todas as outras dignidades. Este foi, de facto, o ano em que as celebrações académicas começaram a adquirir a estrutura que conservam actualmente.Em 1920 surge o primeiro programa oficial da Queima..A Queima das Fitas constitui, para os Quartanistas Fitados, o ponto de passagem para o derradeiro trajecto da vivência estudantil coimbrã, para os caloiros a emancipação e para os Veteranos o fim da caminhada. Os outros sobem mais um grau hierárquico na PRAXE.No Código da Praxe editado pelo Conselho de Veteranos, vem o modo como os estudantes da Universidade de Coimbra devem integrar o cortejo da Queima das Fitas, de forma a dignificar a PRAXE ACADÉMICA e a sua Universidade: a) - PASTRANOS - Trajam capa e batina, usando na testa dois pensos e , se possível, devem levar na mão um par de cornos - naturais ou artificiais . símbolos da sua passagem de animal irracional a racional. Caso não possua capa e batina, deve usar o traje do dia-a-dia; b) - NOVOS GRELADOS - Capa e batina, devem levar o grelo da cor da Faculdade a que pertencem, em forma de laço, do lado esquerdo da batina, junto ao bolso superior; c) - NOVOS FITADOS - Capa e batina, devem usar a pasta da praxe com as respectivas fitas da cor da Faculdade a que pertencem, que anteriormente soltaram após a queima do grelo. Os estudantes de Medicina podem, como é da tradição, usar sobre o traje académico a bata branca; d) - CARTOLADOS - As bandas da batina devem ser de cetim da cor da Faculdade a que pertencem; as suas abas devem ser arredondadas dobrando e pregando as duas extremidades inferiores, dando um aspecto de fraque. A cartola deverá ser da cor da Faculdade a que pertencem, ou preta com uma fita à sua volta, da cor da Faculdade. O laço deverá ser de cor preta ou da cor da Faculdade. A bengala será de cor natural ou da cor da Faculdade. A roseta deverá ser da cor da Faculdade ou uma flor natural, usada do lado esquerdo da batina junto ao bolso superior. Todos os estudantes que não estejam incluídos em alguma das categorias anteriores devem participar no Cortejo usando capa e batina. Por maioria de razão, o estreito e correcto uso de capa e batina é aplicável aos BICHOS e ESTRANGEIROS.
* retirado do site: http://www.regiaocentro.net/lugares/coimbra/universidade/queimafitas/


Traje Feminino Traje Masculino
*os trajes custam entre 250 e 350 euros.
Alunos trajados a rigor ,com cartola e Bengala,só usados pelos alunos finalistas dos cursos.


Fitas que são queimadas, têm a cor e o símbolo do curso. Pastas com a Fita e o símbolo do curso.


* É muito bonito ver os jovens a manter a tradição.





25 de Abril em Portugal.


Naturalmente que já ouviste falar no 25 de Abril de 1974, mas provavelmente não conheces as coisas como os teus pais ou os teus avós que viveram nesta época. Sabias que o golpe de estado do 25 de Abril de 1974 ficou conhecido para sempre como a "Revolução dos Cravos"?
Diz-se que foi uma revolução porque a política do nosso País se alterou completamente. Mas como não houve a violência habitual das revoluções (manchada de sangue inocente), o povo ofereceu flores (cravos) aos militares que os puseram nos canos das armas.
Em vez de balas, que matam, havia flores por todo o lado, significando o renascer da vida e a mudança!
O povo português fez este golpe de estado porque não estava contente com o governo de Marcelo Caetano, que seguiu a política de Salazar (o Estado Novo), que era uma ditadura. Esta forma de governo sem liberdade durou cerca de 48 anos!
Enquanto os outros países da Europa avançavam e progrediam em democracia, o regime português mantinha o nosso país atrasado e fechado a novas ideias.
Sabias que em Portugal a escola só era obrigatória até à 4ª classe? Era complicado continuar a estudar depois disso. E sabias que os professores podiam dar castigos mais severos aos seus alunos? Todos os homens eram obrigados a ir à tropa (na altura estava a acontecer a Guerra Colonial) e a censura, conhecida como "lápis azul", é que escolhia o que as pessoas liam, viam e ouviam nos jornais, na rádio e na televisão.
Antes do 25 de Abril, todos se mostravam descontentes, mas não podiam dizê-lo abertamente e as manifestações dos estudantes deram muitas preocupações ao governo.
Os estudantes queriam que todos pudessem aceder igualmente ao ensino, liberdade de expressão e o fim da Guerra Colonial, que consideravam inútil.

Sabias que os países estrangeiros, que no início apoiavam Salazar e a sua política, começaram a fazer pressão contra Portugal. Por isso o governante dizia que o nosso País estava "orgulhosamente só". Quando Salazar morreu foi substituído por Marcelo Caetano, que não mudou nada na política. A solução acabou por vir do lado de quem fazia a guerra: os militares. Cansados desse conflito e da falta de liberdade criaram o Movimento das Forças Armadas (MFA), conhecido como o "Movimento dos Capitães".
Depois de um golpe falhado a 16 de Março de 1974, o MFA decidiu avançar. O major Otelo Saraiva de Carvalho fez o plano militar e, na madrugada de 25 de Abril, a operação "Fim-regime" tomou conta dos pontos mais importantes da cidade de Lisboa, em especial do aeroporto, da rádio e da tv.
As forças do MFA, lideradas pelo capitão Salgueiro Maia, cercaram e tomaram o quartel do Carmo, onde se refugiara Marcelo Caetano. Rapidamente, o golpe de estado militar foi bem recebido pela população portuguesa, que veio para as ruas sem medo.
Sabias que para os militares saberem quando avançar foram lançadas duas "senhas" na rádio? A primeira foi a música "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, a segunda foi "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso, que ficou ligada para sempre ao 25 de Abril.
Depois de afastados todos os responsáveis pela ditadura em Portugal, o MFA libertou os presos políticos e acabou com a censura sobre a Imprensa. E assim começou um novo período da nossa História, onde temos liberdade, as crianças todas podem ir à escola e o País juntou-se ao resto da Europa. Mas ainda há muito, muito caminho a percorrer...



No 25 de Abril aqui, ainda se têm o hábito dos cravos vermelhos e quizá se todas as revoluções fossem assim....