terça-feira, 29 de junho de 2010

As Cavalhadas

Fanfarra / Viseu 2010 _ foto Alessandra
"O agricultor" carro vencedor de 2010_ Foto Alessandra

"Pato Donald" _ Foto Alessandra




A origem das Cavalhadas de Vildemoinhos prende-se com o conflito havido entre os moleiros de Vildemoinhos e os agricultores ribeirinhos que cultivavam os campos que circundavam a cidade de Viseu. Uns e outros necessitavam da água do Pavia; dela dependiam os moleiros para verem os seus moinhos a funcionarem e poderem levar a bom termo a sua actividade; igualmente necessitavam da água os agricultores para a irrigação dos seus campos e hortas.
Anos havia em que, devido a invernos mais rigorosos, a própria natureza chamava a si a tarefa de manter a Paz entre os dois grupos; mas quando os Invernos eram pouco difícil se tornava acalmar ânimos e resolver o problema da disputa da Água.
1652 terá sido um ano de grande seca; o Inverno, pouco chuvoso, fizera diminuir o fluxo das águas do Pavia e os agricultores para poderem garantir o normal crescimento dos seus produtos hortícolas, represavam-nas, não chegando por isso a Vildemoinhos, situada a juzante, a água suficiente para fazer mover as quarenta e três mós que habitualmente funcionavam. Daqui surgiram várias situações conflituosas entre moleiros e agricultores, queixando-se os primeiros de os últimos lhes roubarem a água.
Da contenda terão tido conhecimento as autoridades, que não sabendo como resolver tão delicada disputa, iam adiando uma tomada de posição, esperançados que o tempo mudasse e a chuva pusesse termo à disputa da água.
Os moleiros, como não vissem resolvida a questão, resolvem na noite de S. João ir à Capela de S. João da Carreira, a nascente da cidade de Viseu, rezar ao seu Santo e pedir-lhe que intercedesse por eles, fazendo chegar aos seus moinhos a água de que necessitavam. Após a oração, no regresso a casa, as mós moeram por fim, nesse dia; mas depressa os agricultores reconstruíram os seus açudes.
Não tendo as autoridades locais resolvido o problema a seu favor, decidem os proprietários dos campos recorrer a Lisboa, tendo a resposta chegado à Câmara de Viseu a 20 de Maio de 1653, dando razão aos moleiros.
Entusiasmados com o desfecho da contenda, resolvem então os moleiros ir novamente na madrugada de s. João, à capela, agradecer ao Santo o milagre feito. Para isso vestiram-se a rigor, enfeitaram de fitas os burros e cavalos e, levando à frente um grande “Estrondo”, puseram-se em marcha, com todos os seus serviçais, atrás deles, armados de alavancas, sacholas e roçadoras bem escavadas, não fosse o diabo tecê-las pelo caminho.
Em São João da Carreira houve danças, cantares e louvores ao santo. Já a manhã clareava quando o cortejo regressou à cidade, os cavaleiros e peões recompostos com doces, vinhos e licores, Entram em grande entusiasmo pela porta dos cavaleiros, seguem pela Rua Direita, Rua da Cadeia, Praça, no adro fizeram três voltas de bandeira desfraldada, continuaram pela rua dos Loureiros, praça Nossa Senhora dos Remédios, soar de Baixo e Rossio de Maçorim, onde com grande fingida surpresa encontraram os seus serviçais que à socapa, tinham seguido rio abaixo destruindo, represas e açudes. Já com o sol alto, regressaram a Vildemoinhos, onde novo serviço de doces e licores retemperou as fibras dos foliões. É a esta vitória sobre os agricultores que os trambelos* agradecem a São João.
As festividades em Vildemoinhos, que realizam em honra de São João, eram um misto de sagrado e profano e por fim transformou-se numa festa vulgar de São João.
As cavalhadas evoluíram, de um cortejo de gente de Vildemoinhos, que vinha à cidade com animais e carroças engalanadas, para um desfile de carros alegóricos, grupos de bombos, cabeçudos, gigantones, fanfarras, bandas, ranchos folclóricos e espectáculos variados.
A temática das cavalhadas num tempo mais actual é constituída por três temas; tradicionais, humorísticos e artísticos. Estes temas sempre foram representativos do que de mais importante e relevante se passava na sociedade. Desde o amor às questões da nação entre outros, sempre foram temas explorados pelos construtores dos carros das cavalhadas.
As cavalhadas de Vildemoinhos chamam anualmente a Viseu milhares de pessoas, que se deslocam para observar o cortejo que percorre as ruas da cidade na manhã de 24 de Junho, assumindo hoje, lugar de relevo no Calendário Turístico da Cidade de Viseu, contribuindo para a promoção e divulgação de Viseu, da região e mesmo do país.

* Habitantes de Vildemoinhos, também chamados Trambelos, nome que vem precisamente da ligação aos moinhos (trambelo é uma das peças junto à mó).

Sites utilizados:
http://profviseu.com/pessoal/Julho2002/Grupo%2004/Cavalhadas.htm
http://vildemoinhos.com.sapo.pt/cavalhadas.htm

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cerejas....




Estamos na época das cerejas. . . fruta imortalizada em pinturas, que emerge num grande matiz de vermelho e de sabor inigualável.
As cerejas são frutos pequenos e arredondados que podem apresentar várias cores, sendo o vermelho a mais comum entre as variedades comestíveis. A cereja-doce, de polpa macia e suculenta, é servida ao natural, como sobremesa. A cereja-ácida ou ginja, de polpa bem mais firme, é usada na fabricação de conservas, compotas e bebidas licorosas, como o Kirsch, o Cherry e o Marasquino. As cerejas contém proteínas, cálcio, ferro e vitaminas A, B, e C. Quando consumida ao natural, tem propriedades refrescantes, diuréticas e laxativas. Como a cereja é muito rica em tanino, consumida em excesso pode provocar problemas estomacais.
Em Portugal Continental, a cultura da cerejeira ocupava em 1979 uma área de 2 903 hectares.
Uma década depois, em 1989, atingia os 3 000 hectares, correspondendo a um acréscimo de apenas 3%.
Entre 1989 e 1999 verificou-se uma grande expansão da cultura, quer em termos de área e volume de produção, quer na tecnologia de produção (condução dos pomares, introdução de novas variedades, acondicionamento dos frutos etc.). Nesta década, a área de cerejeiras em produção quase que duplicou, passando de 3 000 para 5 635 hectares, o que correspondeu a um aumento médio de 264 hectares/ano. A dimensão média das explorações com cerejeiras, de acordo com o Recenseamento Geral Agrícola de 1999, era de 0,7 hectares,correspondendo a um total de 7 867 explorações.
Entre 1999 e 2004, a área de pomares de cerejeiras no Continente aumentou a um ritmo mais modesto, em média 116 hectares/ano, o que correspondeu a um aumento absoluto de 580 hectares.
Em 2005 a área de cerejeiras no Continente totalizava 6 255 hectares, com uma produção de 16.901 toneladas e uma produtividade média de 2,7 t/ha.
A região da Beira Interior destaca-se como líder na produção nacional de cereja, com uma representatividade superior a 50%. Seguem-se-lhe as regiões de Trás-os-Montes e Entre Douro e Minho, com pesos de respectivamente 25% e 18% na produção total do Continente.
No Japão as cerejeiras tem um significado sagrado, ligado aos samurais e a uma lenda sobre uma princesa que caiu do céu sobre uma cerejeira.
Acreditando ou não nas lendas, aproveite o fruto, pois é único!

sábado, 12 de junho de 2010

Matança tradicional do porco.



Desde que a ASAE, vigilância sanitária daqui, impôs duras regras e algumas proibições (necessárias) diminuiu muito esta prática, mas em muitas aldeias portuguesas, ainda, se mantem a tradicional matança do porco, que ocorre nos meses frios e é um convivio das pessoas da aldeia.
O dia começa a acender o fogo, no fogão a lenha, panelas de água ao lume, alguidares sobre a mesa, maçarico, facas, gancho, corda, toalhas e o carrinho para pousar o porco. Os homens começam a chegar, entram pra cozinha, tomam o cafezinho e aguardam, todos presentes vão, então, "agarrar o porco" que grunhe alto, é uma cena engraçada, aqueles homens cercando o porco, um toca, outro pára, vem o que amarra e em pouco tempo o porco está morto. Começam então a sangria, o sangue é recolhido num alguidar com pão e vinagre (que impedem que o sangue talhe), mais tarde vai virar morcelas, depois com o maçarico queimam o pêlo e com as facas "rapam" a pele, abre-se o bicho e tiram-se os miúdos e as tripas, estas últimas serão lavadas no rio e preparadas para fazer as chouriças, isso feito, é hora de lavar o porco e pendurar com um gancho em um lugar alto, fica ali a "descansar"até o outro dia, quando será "desfeito" ou cortado em pedaços. Porco morto, começa a "comilança", os homens voltam a cozinha e se refastelam com uma mesa farta e muito vinho.
A matança do porco tem um caracter social e económico na comunidades portuguesa aldeãs, no passado já foi sinal de "riqueza", pois o que não tinha um porco para matar era visto como pobre, hoje é um meio de subsistência, é com essa matança que se faz os enchido que duram o ano todo e se provem a carne para alimentação das famílias.