domingo, 4 de maio de 2008

Mais tradição portuguesa . . . a Queima das fitas.

A tradição de queimar as fitas remonta à década de 50 do século XIX. Há notícias desta época em que, Segundo Eduardo Proença-Mamede, "grupos de estudantes que, vendo-se passados nos exames do 4º. Ano, se juntavam por faculdade à Porta Férrea e faziam um cortejo até ao Largo da Feira e aí as fitas tinham um fim: eram queimadas numa pequena cova no chão onde ardia um pequeno fogo".Mais tarde vieram as "festas do ponto" (latadas de fins do século XIX), nos Centenários que entre 1880 e 1898 homenageavam diversas figuras e factos, no Centenário da Sebenta e Enterro do Grau.O acto de queimar as fitas é anterior à própria festa da Queima das Fitas. As "festas do ponto" serviam para assinalar o final do ano lectivo e a emancipação dos caloiros.O primeiro acto conhecido das festas ligadas à Queima das Fitas, já com um programa estruturado, é de 1901. Nesse ano, em finais de Maio, os estudantes do IV ano jurídico organizaram um cortejo com cerca de 20 carros motorizados e a cavalo, enfeitados com flores e festões de murta. O cortejo levou cerca de hora e meia a percorrer o trajecto desde o Largo da Universidade até à Baixa. Os caloiros seguiam no cortejo amarrados por fitas vermelhas e com várias latas atadas com fios onde os doutores batiam com as bengalas. As fitas vermelhas representavam a cor do curso jurídico. Alguns anos mais tarde os doutores liam a mensagem de emancipação dos caloiros, entregando-lhes os símbolos que representavam essa emancipação: palmatória, tesoura e moca.As fitas, tiras de tecido que serviam para atar os livros, a que se chamava o grelo, eram queimadas já de noite. As cinzas eram colocadas numa lata que mais tarde passou a ser colocada à Porta Férrea
Em 1918 os estudantes de medicina e de direito unem-se para queimar o grelo.Em 1919 o Cortejo dos quartanistas é participado por todas as Faculdades. A 26 de Maio haveria a "tourada dos caloiros e a 27 efectuava-se a queima do grelo e o cortejo. Ainda nessa tarde realizava-se a "festa das latas" e, pela primeira vez, o dia passa a ser feriado académico, cessando todas as praxes. Segundo Alberto de Sousa Lamy, os caloiros passavam a semi-putos, os semi-putos a putos, os putos a quartanistas, os quartanistas a quintanistas e os quintanistas a veteranos. Acontecia portanto a emancipação dos caloiros e a passagem ao posto imediato de todas as outras dignidades. Este foi, de facto, o ano em que as celebrações académicas começaram a adquirir a estrutura que conservam actualmente.Em 1920 surge o primeiro programa oficial da Queima..A Queima das Fitas constitui, para os Quartanistas Fitados, o ponto de passagem para o derradeiro trajecto da vivência estudantil coimbrã, para os caloiros a emancipação e para os Veteranos o fim da caminhada. Os outros sobem mais um grau hierárquico na PRAXE.No Código da Praxe editado pelo Conselho de Veteranos, vem o modo como os estudantes da Universidade de Coimbra devem integrar o cortejo da Queima das Fitas, de forma a dignificar a PRAXE ACADÉMICA e a sua Universidade: a) - PASTRANOS - Trajam capa e batina, usando na testa dois pensos e , se possível, devem levar na mão um par de cornos - naturais ou artificiais . símbolos da sua passagem de animal irracional a racional. Caso não possua capa e batina, deve usar o traje do dia-a-dia; b) - NOVOS GRELADOS - Capa e batina, devem levar o grelo da cor da Faculdade a que pertencem, em forma de laço, do lado esquerdo da batina, junto ao bolso superior; c) - NOVOS FITADOS - Capa e batina, devem usar a pasta da praxe com as respectivas fitas da cor da Faculdade a que pertencem, que anteriormente soltaram após a queima do grelo. Os estudantes de Medicina podem, como é da tradição, usar sobre o traje académico a bata branca; d) - CARTOLADOS - As bandas da batina devem ser de cetim da cor da Faculdade a que pertencem; as suas abas devem ser arredondadas dobrando e pregando as duas extremidades inferiores, dando um aspecto de fraque. A cartola deverá ser da cor da Faculdade a que pertencem, ou preta com uma fita à sua volta, da cor da Faculdade. O laço deverá ser de cor preta ou da cor da Faculdade. A bengala será de cor natural ou da cor da Faculdade. A roseta deverá ser da cor da Faculdade ou uma flor natural, usada do lado esquerdo da batina junto ao bolso superior. Todos os estudantes que não estejam incluídos em alguma das categorias anteriores devem participar no Cortejo usando capa e batina. Por maioria de razão, o estreito e correcto uso de capa e batina é aplicável aos BICHOS e ESTRANGEIROS.
* retirado do site: http://www.regiaocentro.net/lugares/coimbra/universidade/queimafitas/


Traje Feminino Traje Masculino
*os trajes custam entre 250 e 350 euros.
Alunos trajados a rigor ,com cartola e Bengala,só usados pelos alunos finalistas dos cursos.


Fitas que são queimadas, têm a cor e o símbolo do curso. Pastas com a Fita e o símbolo do curso.


* É muito bonito ver os jovens a manter a tradição.





2 comentários:

  1. Peço desculpa pela intromissão, mas o que designa por fitas e pasta de praxe não o são, de facto, conforme a tradição - são, antes de mais, um atalho comercial que deturpa aquilo que deveriam ser.

    Leia: http://notasemelodias.blogspot.com/2008/05/notas-sobre-praxis-olissiponense-ii.html

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  2. Amigos leitores, o Sr. Pena nos elucidou sobre o fato das praxes terem se tornado mais comerciais que tradicionais. Como em todos os paises, as adaptações modernas se fazem as custas do esquecimento das origens das tradições. Vale ir ao site que o sr. Pena nos indicou. Até mais!

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